Francisco Édson Alves e Carla Marques
Um grupo de sete estudantes foi vítima ontem de um arrastão dentro de um ônibus no Jardim América, no Rio de Janeiro. Um policial, que acabara de sair do plantão do 16º Batalhão da Polícia Militar (Olaria), seguiu o veículo e prendeu dois jovens acusados do ataque. Um suspeito que estava armado conseguiu escapar. Um dos presos apanhou dos pais algemado. O casal estava revoltado com o fato de o filho ter participado de um arrastão.
Transtornados com a atitude do filho Rafael Nunes Xavier, 18 anos, um dos presos, os pais tiveram uma atitude inusitada. Com um cano de PVC, o comerciante Luís Henrique Xavier, 48 anos, e a costureira Maria Lúcia Nunes Xavier, 47 anos, surraram o rapaz algemado, na frente de PMs, vítimas e curiosos na rua Marechal Antônio de Souza. Ele havia acabado de descer do ônibus da linha 906 (Jardim América-Caju), da empresa Breda.
"Bati com vontade. Não o criamos para o mundo do crime. Ele sempre teve de tudo e não precisava fazer isso. Cansamos de alertá-lo para não andar com más companhias e não adiantou. E agora? O que vai ser da vida dele, se misturando com bandidos na cadeia?", desabafou, chorando, Luís Henrique. Ele contou que o filho cursa o Ensino Médio numa escola pública em São Cristóvão e não tinha passagem pela polícia.
"Foi um ato de desespero, mas não me arrependo. Bateria nele de novo para que ele não siga jamais o caminho do mal", justificou-se Maria Lúcia. Segundo ela, o rapaz ajuda o pai num mercadinho da família, na Favela do Dique. "De uns tempos para cá, ele andou com gente ruim", lamentou.
O cabo Efigênio Soares, 37 anos, saía do batalhão em seu carro, por volta de 7h30, e foi avisado do assalto ao ônibus. Ele seguiu o veículo e interceptou os suspeitos, com a ajuda de outros PMs, próximo à Escola Técnica Juscelino Kubitschek, para onde iam as vítimas. Bandidos roubaram quatro celulares e dois aparelhos de MP3. Uma das alunas levou um tapa no rosto porque não tinha celular.
Surra na rua comoveu até as vítimasA surra no suspeito comoveu até as sete vítimas. "De repente, os pais de Rafael saíram do meio da multidão e, xingando o filho, foram para cima do jovem. Luís Henrique quebrou o tubo de PVC batendo no rapaz. Quando consegui dominá-lo, a mulher dele pegou o cano no chão e acabou de quebrá-lo no corpo do filho, que ficou com vários hematomas. Deu pena ver o sofrimento dos pais", disse o cabo Efigênio Soares.
O Dia
*** Primeiro foi o caso do pai que não pagou a fiança do filho que foi preso por dirigir bêbado, e agora este caso... Gostaria de ver mais casos como estes e menos casos como o pai de um dos estudantes acusados de espancar a doméstica no ponto de ônibus, que defendeu o filho dizendo que foi apenas um deslize do garoto...***
quarta-feira, 24 de outubro de 2007
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